Servindo às famílias de Brasília com uma educação clássica centrada em Cristo

As artes liberais constituem o conjunto clássico de sete disciplinas que fornecem as ferramentas fundamentais para todo o aprendizado. O Trivium — gramática, dialética e retórica — forma as artes da linguagem; o Quadrivium — aritmética, geometria, astronomia e música — forma as artes da matemática. O Trivium ensina a leitura, a interpretação, o debate e a expressão argumentativa; o Quadrivium ensina o cálculo, a medição, a investigação empírica e a demonstração teórica. Essas artes são tanto sementes quanto instrumentos: como ferramentas, cultivam o solo previamente preparado pela piedade, ginástica e música; como sementes, florescem em conhecimento. Seu estudo disciplina a razão, tornando simples e frutífera a busca por toda sabedoria subsequente.

O trívio, termo latino que significa "os três caminhos", é a base do ensino clássico e inclui gramática, dialética e retórica. Esse tripé formativo é sintetizado no conhecido verso medieval: "Gram loquitur, Dia verba docet, Rhet verba colorat", traduzido como "A gramática fala, a dialética ensina as palavras e a retórica embeleza as palavras." A gramática trata da linguagem, a dialética do raciocínio lógico e a retórica da expressão persuasiva. Essas três artes formam o núcleo essencial do conhecimento, sustentando o aprendizado das demais áreas.

O quadrivium reúne quatro artes liberais — aritmética, geometria, música e cosmologia — que, desde a Antiguidade, permitem contemplar a essência da realidade. Essas disciplinas relacionam número, espaço e tempo: a geometria é o número no espaço; a música, o número no tempo; e o cosmos, a união do número no espaço e tempo. Aritmética, música e geometria revelam verdades metafísicas universais, que fundamentaram todas as ciências físicas.

A piedade constitui o fundamento imprescindível da educação clássica cristã, sendo condição sine qua non para seu pleno êxito. Em nosso tempo, a sensibilidade contemporânea tem lançado sombras sobre a herança cristã ocidental que nos precede. Sem o temor reverente a Deus, aos mestres, aos pais e aos mais velhos, todo o edifício educativo ruirá. Antes que o saber possa florescer, é mister que o amor seja cultivado; este principia no lar e na igreja, mas deve ser fortalecido e nutrido no seio da escola. Por tais razões, a educação clássica cristã há de estar firmemente fundada na piedade.

A ginástica e a música são essenciais na formação integral do jovem, pois o homem é unidade de corpo e alma — intelecto, vontade e paixões. A ginástica disciplina o corpo e cultiva a virtude do atleta, enquanto a música, origem etimológica comum ao "museu", educa o coração e a imaginação moral, despertando o maravilhamento. A educação musical transcende o simples ensino de instrumentos e canto, abrangendo as artes inspiradas pelas Musas, em uma abordagem poética e contemplativa. Juntas, ginástica e música preparam tanto as virtudes morais quanto as intelectuais, pois corpo e alma são inseparáveis: negligenciar um é falhar na formação da pessoa por inteiro.

A filosofia, como amor à sabedoria, integra todo o conhecimento — natural, moral e divino — e se divide em três ramos: filosofia natural, moral e metafísica. Longe da abordagem acadêmica moderna, ela unifica as disciplinas em uma visão holística da realidade. Desde cedo, incentivamos nossos alunos a buscar os "porquês" da vida e a refletir sobre questões fundamentais da existência, cultivando neles o amor pela verdade, pela beleza e pela bondade.

A educação vai além do preparo intelectual para o mercado; trata-se de formar o coração e a mente segundo a Paideia do Senhor. Os pais são os principais responsáveis por transmitir a fé e a cultura cristã — seus valores, normas e amores —, e a escola deve atuar como aliada, não substituta, nesse chamado. A Virtus assume esse papel de apoio, auxiliando as famílias na formação de filhos virtuosos e conscientes de seu propósito. Recuperar o sentido tradicional da educação é desafiador, mas cremos que, em parceria com os pais, é possível cumprir essa vocação com excelência e fidelidade.

A leitura de grandes livros é central, sendo um exercício intelectual e espiritual que exige profundidade, discernimento e imaginação moral. Ela forma a razão, refina o senso estético e orienta a vontade para o bem. Essa prática alcança seu cume na leitura das Escrituras, onde a atenção reverente à Palavra molda mente e coração. Assim, os grandes livros preparam o espírito para a Verdade maior, integrando formação intelectual, espiritual e moral.

Na tradição cristã, a teologia — "ciência da revelação divina" — é a rainha das ciências, ocupando o lugar mais elevado no currículo. Fundamentada nas Escrituras, ela transcende a razão humana e confere unidade ao saber. Orienta a formação intelectual, moral e espiritual, ensinando virtudes como o amor, a humildade e o serviço, ao mesmo tempo em que integra práticas corporais e artísticas. Mais que um componente do ensino, a teologia é seu cume e finalidade, oferecendo coesão, sentido e direção à educação clássica cristã.

A memorização é uma prática formativa essencial, que estrutura o pensamento e enraíza o conhecimento na alma. Ao decorar textos, poesias, Escrituras e fórmulas, a mente é exercitada na precisão, disciplina e retenção das grandes ideias do Ocidente cristão. Longe de ser mero acúmulo de informações, memorizar é cultivar a memória como faculdade da alma, indispensável à reflexão, à retórica e à meditação teológica, ordenando-a à contemplação da verdade e ao florescimento da sabedoria.

Reconhecemos que toda verdadeira formação ocorre pela Graça de Deus. Embora busquemos excelência e virtude, é a Graça que transforma os corações. Essa verdade orienta nossa postura diária — no ensino, na correção e nas relações — lembrando-nos de que todo crescimento autêntico vem do Senhor. Assim, cultivamos não apenas mentes bem treinadas, mas almas dependentes de Cristo e confiantes na suficiência da Sua Graça.

As virtudes são tratadas não como adereços morais, mas como o cerne da formação humana. Inspirados pela tradição cristã, buscamos cultivar hábitos ordenados que moldem o caráter à semelhança de Cristo — como a coragem, a temperança, a justiça e a prudência, além das virtudes teologais: fé, esperança e amor. Mais do que ensinadas, as virtudes são vividas no cotidiano escolar, sendo encorajadas por meio da prática, e do exemplo.